Existem super-heróis gays?
Em agosto do ano passado, o livro Hero, escrito por Perry Moore, angariou grande destaque na mídia. Apesar dos elogios da crítica especializada e do sucesso de público - que nos primeiros dias de lançamento fez a obra entrar na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, o que chamou a atenção foi menos a qualidade literária e mais o protagonista do enredo. A trama narra as desventuras de Thom Creed, um adolescente que esconde do mundo a sua homossexualidade e o incrível poder de curar ferimentos e doenças. As dificuldades em controlar esse dom e conviver com a descoberta sexual tornam sua vida uma miríade de confusões psicológicas e sentimentais. Quando o destino o faz cruzar o caminho da Liga, uma equipe de super-heróis que o aceita no grupo, Creed descobre um mundo de romances, aventuras e, como não poderia deixar de ser, muitas batalhas contra o mal.
Destinado ao público jovem, Hero também acumulou desafetos e polêmicas que poderão acompanhá-lo em sua nova empreitada no mundo do entretenimento.
Com a ajuda de ninguém menos que Stan Lee, criador do Homem-Aranha e de outros famosos super-heróis dos quadrinhos, o livro de Perry Moore deverá ganhar uma versão para seriado de TV.Os dois artistas estão em conversas para realizar a idéia que, inicialmente, era a de produzir um longa-metragem para a tela grande. Dois canais de televisão dos Estados Unidos estariam interessados no projeto. Lee é um fã confesso da obra de Moore, um roteirista e produtor de cinema (responsável pela série Crônicas de Nárnia) que com esse trabalho estreou como escritor de romances.
"Uau! Isso é totalmente original! (…) Uma experiência inesquecível - imperdível!", escreveu Stan Lee para a quarta capa das reedições do livro. E assim, depois de passar pelo mundo literário, sair incólume a ainda ser aplaudido, o primeiro super-herói gay adolescente - como Thom Creed já é chamado - se prepara para transpor mais um obstáculo que Perry Moore afirma ser o preconceito contra heróis homossexuais.
Essa não foi a primeira tentativa de inserir um personagem gay no mundo dos super-heróis.
O primeiro super-herói homossexual da Marvel Comics foi o Estrela Polar, integrante do supergrupo canadense Tropa Alfa.
Ele foi desenvolvido pelo ilustrador John Byrne, criador da superequipe, nos anos 80 e, embora fossem muitos os elementos que sugeriam sua opção sexual, o tema não era discutido abertamente.
Com a saída de Byrne da série, a Marvel tentou disfarçar a questão revelando que o herói era um elfo (!) e não um homossexual como todos imaginavam. A emenda ficou pior do que o soneto, principalmente porque os sintomas que ele vinha apresentando na época foram explicados como devidos a uma intoxicação típica de elfos expostos ao nosso mundo.
A solução esdrúxula não agradou os leitores e, já no início dos anos 90, a direção da editora criou coragem e fez o mutante canadense revelar sua opção sexual em uma das edições da série, o que gerou manchetes nos noticiários da época.
O primeiro herói homossexual da DC Comics foi Estraño, da obscura Superequipe Novos Guardiões, criado pelo roteirista Steve Englehart. Latino americano que reunia todos os mais tacanhos estereótipos atribuídos aos gays, Estraño foi um grande embaraço para a editora que decidiu, a certa altura, revelar (em história felizmente inédita no Brasil) que, na verdade, ele sofria de uma doença que afetava seu comportamento (!) e da qual foi curado (?!?).
Não surpreende que tanto o herói quanto sua equipe tenham tido vida curta e hoje estejam praticamente esquecidos.
Bem menos ridícula é a segunda personagem homossexual importante da DC Comics. O supervilão regenerado Flautista, ex-inimigo do Flash, revelou sua opção sexual em uma conversa prosaica com o protagonista do título. Ele é uma presença constante na série do herói velocista até hoje, mas sua sexualidade raramente é abordada.
Homossexuais femininas são muito mais raras no mundo dos super-heróis, mas ocasionalmente elas dão as caras.
As inimigas dos X-Men, Mística (conhecida dos espectadores do filme da equipe mutante) e Sina tinham uma relação lésbica implícita. O criador das personagens, Chris Claremont desejava revelar não só que as duas eram amantes, mas que as capacidades transmorfas de Mística permitiram que ela e sua companheira fossem pai e mãe do X-men Noturno! Desnecessário dizer, a Marvel Comics vetou completamente a idéia e concedeu origem bastante diferente ao herói…
Já “The Authority” foi a primeira serie em quadrinhos a deixar explicito o relacionamento homossexual entre dois personagens, Apollo e Meia-Noite. Os personagens, criados pelo americano Warren Ellis, causaram polêmica quando foram lançados, mas são um sucesso de crítica e de vendas. "The Authority" é uma equipe de super-heróis que vivem numa gigantesca nave espacial em órbita da Terra e capaz de atravessar barreiras dimensionais.
O membro mais poderoso do time é Apollo, personagem claramente inspirado no Super-Homem, só que desta vez sem a capa e as cores da bandeira americana no uniforme. Apollo é uma bateria viva, que tem poderes como vôo, força sobre-humana e velocidade, graças à radiação solar que o alimenta. Já Meia-Noite faz o tipo "vigilante mascarado noturno", que anda pelas ruas enfrentando bandidos barra-pesada, lembrando em muito um famoso super-herói de orelhas pontudas e roupa de morcego.
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Nos primeiros capítulos da história, o autor não faz referência à homossexualidade dos dois personagens, mas na medida que as tramas vão se complicando, o leitor percebe que Apollo e Meia-Noite são muito mais do que "apenas bons amigos". Logo os dois serão vistos trocando gestos carinhosos, beijinhos no ombro e outras coisas. Também serão comuns diálogos dos vilões comentando a sexualidade dos heróis e até outros colegas da equipe se irritando com a "pegação" de Apollo e Meia-Noite, sugerindo para que os dois arrumem logo um quarto.
Nos Estados Unidos, "The Authority" durou 29 números. A série foi encerrada pela editora que a publicava (DC Comics, a mesma de Super-Homem e Batman) logo após os atentados de 11 de setembro, com a desculpa de que a história, com muitas referências ao terrorismo, não era indicada para aquele momento. A versão não convenceu muito e todo mundo achou que tratava-se de um veto dos executivos da DC às "versões gays" de Batman e Super-Homem.
O autor das histórias se vingou e terminou a saga realizando o casamento dos dois super-heróis, com direito a roupa branca de noiva para o soturno Meia-Noite e um beijo apaixonado entre os dois personagens (Talvez o primeiro entre dois homens na história dos super-heróis).
Será que agora os fãs de quadrinhos que são gays, poderão ter um personagem digno que os represente??!
Fonte: universohq/omelete/mixbrasil-extra.
Postagem: Henrique Felicciano – Editor da Coluna Multimídia.
3 comentários:
Viciada em HQ's como sou (histórias em quadrinhos para os leigos) essa matéria chamou atenção. os mocinhos que tentam salvar o mundo das mãos de loucos como magneto, apocalipse, mephisto e afins são homofóbicos. ié beibe, ié. dentre minha coleção de X-men há exemplares onde o bonitinho do estrela polar está fazendo parte do grupo de charles xavier e muita das vezes eh rexaçado (ou rechaçado?) pelo fato de ser homossexual. o assunto é abordado de forma explícita, quando um de seus companheiros de equipe diz q se recusa a sair em missão com ele pq sente aversão a sua opção, mesmo que ele seja um herói. o hilário disso td, eh q em x-men, os pupílos do xavier-pouca-telha todos os dias têm q lidar com o "mundo q os teme e os odeia", fala do próprio professor, que ainda continua qdo diz q nós tememos aquilo q não conhecemos. Uh, salvar o universo em lutas intergaláticas eh fichinha em relação a poder lidar com um assunto tão delicado. Infelizmente, o professor não ensinou seus corajosos alunos a respeitar a opção sexual de cada um... dureza
Anônimo says
soh a nível de esclarecimento, acho o termo "opção sexual" meio sei lah (lag mental me impede de achar a palavra certa para descrever o q penso). Acho errôneo. pq vc naum opta por ser gay. aaaaai, acordei hj com uma vontade de ser xirra. oO vc eh e pronto. a opção que fazemos (oh eu me entregando) é de como vamos lidar com isso e como vamos levar a vida a partir de então.
;)
Anônimo says
acho que nao deveriam abordar esse tipo de assunto nas HQs porque as criancinhas vao ler, e elas se inspiram nos personagens, ja penssou se filho dizer: olha pai, um heroi gay, quando crescer vou ser igual ele.acho que vc nao ia querer ouvir isso, o q quero dizer e q, imagina o homem-aranha viado, ja to começando a me irritar cara, na da, juro, por que , por que com os herois??????????????????